Monday 19 July 2010

Nos últimos dias, uma série de coisas sem qualquer relação entre elas; abri, pela primeira vez, um livro do Fernando Namora (um do Círculo de Leitores de 1975 que o meu pai deixou ficar para trás quando levou a colecção com ele), iniciei sem grande brio o projecto de investigação para o doutoramento (se é que mo aprovam...), fui a uma praia tão apinhada de gente que o senhor que chegou mais tarde só arranjou lugar para se deitar mesmo à minha frente, sendo que se se esticasse mesmo acabaria por me enfiar o pé pela boca dentro. A maneira ideal de nos recordarmos daquela aversão insuportável que só a proximidade física com um estranho provoca. 


O calor persiste. Os dias fundem-se uns nos outros, derretem-se entropicamente. Agora é dia, logo é de noite, depois é dia e é sempre assim, uma coisa arrítmica. O sábado é igual à terça-feira, e o domingo, se uma pessoa não abre a pestana, passa insuspeito por uma quinta-feira. Instalou-se a desordem e não há maestro que marque o compasso.





Teresa Margolles (MEX) - En el aire/ In the air, 2003
bolhas feitas com água da morgue, usada para lavar corpos antes da autópsia









No comments: