Thursday 26 May 2011

Hmmm.

O namorido faz anos amanhã (28, tantos!). Lembrei-me desta conversa que ele me contou que teve com alguém, enquanto pensava no que lhe havia de oferecer :

"- Até gostava de ter uns sapatos de fivela, mas a Ana não gosta..."
"- A minha ex-mulher também não gostava e olha onde ela já vai."






Continuo a não os gramar, mas já estão ali embrulhadinhos e prontos a fazer um jovem engravatadinho muito feliz. :)

Tuesday 24 May 2011

Pina's Choos

Não sou diferente da esmagadora maioria das mulheres em nenhum aspecto, mas sou particularmente igual a todas elas na indelével paixão que nutro por sapatos. Em bom rigor, não seria exagero nenhum considerar que sou mesmo um bocadinho doente.
Por isso é que ontem voei do trabalho para aproveitar os 30% de desconto que uma conhecida loja lisboeta oferecia aos clientes entre ontem e amanhã (ainda fiz o meu homem passar vergonhas, comigo ao lado de calculadora em punho, sem qualquer pudor, a tentar perceber melhor o tamanho da naifada que estava prestes a dar às minhas finanças), e em menos de 15 minutos já cá cantava este pequeno pedacinho de shoe heaven:

  E foi assim que trouxe para casa este belíssimo pair of Choos, duplamente feliz por ter conseguido comprá-los com o meu dinheiro, ganho com o meu trabalho, e por serem lindos de morrer, neste bege cremoso, silenciosamente chique. Apesar de o tacão parecer um horror absoluto, garanto que são mesmo muito confortáveis (coisas boas é assim!) - mal os calcei percebi logo que podia escalar montanhas com eles calçados. Para já, preciso primeiro de ganhar coragem de os tirar da caixa (estou a pensar nos pisos em paralelo, calçada portuguesa e demais ameaças).



Por outro lado, e já que o tema hoje é coisas bonitas, tenho andado inspirada pela experiência de ver o filme do Wim Wenders sobre a companhia da Pina Bausch. Em 3D! Eu, que descobri a Pina tardiamente e que mal apanhei os seus últimos tempos de vida, compensei um bocadinho a falta que o trabalho dela fez na minha vida com este filme. Houve momentos em que me senti assoberbada, tal era a intensidade das emoções que as coreografias nos atiram, tal era a beleza dos movimentos, a cor, a composição (bem dizia um que Pina era, afinal, pintora e que os bailarinos eram formas e cores em movimento sobre o palco). Impressionou-me o conhecimento que tinha da vida, e a soberba capacidade de comunicar em diferentes gramáticas, apresentando, ora obras de grande austeridade e angústia como Café Mueller, como coreografias apaixonadas, sensuais, cómicas e a transbordar vida por todos os lados.
Uma vantagem em ver isto num cinema e em 3D tem a ver com o possibilitar de uma grande proximidade a cada um dos bailarinos. É fortíssimo testemunhar o movimento dos seus corpos, ora fluido e sinuoso, ora fragmentado,  e apanhar também as expressões nos seus rostos. Isso foi o que mais me deslumbrou, foi a extrema atenção ao detalhe que revelam coreografias em que a posição do dedinho pequenino do pé é tão importante como uma pirueta teatral, em que o olhar e o movimento de uns cabelos comunicam tanto o passo mais atlético e vigoroso.
Não sabia o que me esperava quando me sentei e pus os meus óculos 3D. Fui submersa num mundo de beleza extrema, e de lá saí a vibrar com cada fibra do meu ser, a alma preenchida e muita  vontade de ser boa (a melhor!) no que faço, mesmo que o meu trabalho seja por trás de uma secretária. Há sempre lugar no mundo para os que são muito bons, certo?

 Preciso de ir ver outra vez:

http://www.youtube.com/watch?v=cXpFD7gi8R0